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Aqui vou contar a minha história

Tudo começou no longínquo dia 16 de dezembro de 1948, na cidade de Piraju, na alta Sorocabana, sudoeste do Estado de São Paulo, bem pertinho do Paraná, em uma humilde casa na Rua 13 de maio, 680, terceiro filho, o caçula do Sr. Octacílio de Souza Mourão e Dona Stella de Souza Mourão, casa esta que ainda permanece viva até os dias atuais, apesar do envelhecimento do imóvel.

Minha Piraju

Piraju, nome indígena que significa Peixe Amarelo, ou seja o Dourado, peixe muito comum de ser encontrado nas corredeiras do Majestoso Rio Paranapanema, que corta a cidade e que tem construido bem no centro, numa largura de 100 mts a primeira usina hidroelétrica do País, construida por um jovem engenheiro americano, filho do Presidente do USA naquela época, Mr. Theodore Roosevelt, que por sinal visitou a cidade em 1913.

Piraju foi a primeira cidade do Brasil a ter energia elétrica, um ano antes da Capital do País, naquela época Rio de Janeiro, o que ilustra bem a importância nacional desta cidade naqueles idos de 1900.

Presidente do USA Mr. Theodore Roosevelt na carruagem a esquerda, durante sua visita a Piraju em 1913.

08/02/2001 | 19h49

AGENCIA ESTADO

Piraju reativa linha de bonde de 1913

A prefeitura de Piraju, no sudoeste do Estado de São Paulo, a 330 quilômetros da capital, vai trazer para o Brasil quatro bondes de fabricação belga que até a década de 80 eram utilizados no sistema de transporte coletivo de Assunção, capital do Paraguai. Os veículos serão restaurados pela Associação de Preservação Ferroviária de Bondes (APFB), com sede em Campinas, e dois deles permanecerão em caráter definitivo no País. Um ficará com a APFB e o outro será utilizado em um circuito turístico em Piraju. A cidade vai reativar uma parte da linha de bonde construída em 1913 pelo engenheiro americano Kermit Roosevelt, filho do presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt. Os outros dois veículos serão devolvidos, restaurados, para os paraguaios. O prefeito de Piraju, Maurício de Oliveira Pinterich (PSDB), esteve há duas semanas no Paraguai em busca de bondes parecidos com os que circulavam na cidade no início do século. Com o apoio da Administração de Transportes Eletroviários (ATE) de Assunção, ele localizou sete bondes em um depósito, quatro dos quais em bom estado. A cessão dos veículos está sendo intermediada pelo embaixador brasileiro Castro Neves. "A pedido do embaixador, estamos finalizando a elaboração do projeto e providenciando a documentação para possibilitar a transferência dos veículos." Como a finalidade do projeto é cultural, pois envolve a recuperação de patrimônio histórico, a cessão dos bondes não deve envolver cifras. O governo paraguaio faria a cessão de duas unidades em troca da recuperação das outras duas pela associação de Campinas que, pelo serviço, ganhará um bonde. A entidade é formada pela Estrada de Ferro Campos do Jordão, Metrô São Paulo, Companhia de Bondes Santa Tereza, do Rio de Janeiro, Parque Taquaral de Campinas e Secretaria de Turismo de Santos. Os bondes paraguaios foram fabricados na Bélgica. O prefeito contou que, ao saber pela Internet de sua visita a Assunção, a diretoria do Museu do Bonde, de Bruxelas, entrou em contato pedindo que tentasse localizar o veículo de prefixo 9001 que fora mandado por engano pelo governo belga para a capital paraguaia. Trata-se de um exemplar dotado de um raro compartimento para o cobrador. "Tive a sorte de encontrar esse bonde no depósito da ATE, o que nos valeu uma oferta de parceria do museu belga", disse. Os bondes fazem parte da história de Piraju, cidade que, no início do século, utilizava esses veículos para o transporte de passageiros e de café. A linha começou a operar em 1914. O filho de Roosevelt foi contratado um ano antes para construir a ponte metálica sobre o Rio Paranapanema. O presidente americano esteve na cidade em outubro de 1913 para visitar as obras. A linha de bondes foi desativada em agosto de 1937 por lei aprovada pela Câmara.

Minha observação.

Vejam aqui que interessante, como este mundo é pequeno. Os bondes recuperados no Paraguai, foram restaurados na cidade que moro hoje, onde me casei e criei meus filhos Fernanda e Daniel, a cidade de Campinas, que por sinal ficou com uma unidade dos bondes e que hoje circula na Lagoa do Taquaral.

Naquela época meus dois Avôs, os Srs. José de Souza Mourão, o Capitão Mourão e o Sr. José Elias de Souza, o Capitão José Elias, fizeram parte significativa da política local, tendo sido o primeiro vereador em 1891, logo após a Independência da República e o outro membro do conselho consultivo do Município, logo após a Revolução de 1930. Ambos vivenciaram todo este explendor da cidade de Piraju. Meu Avô o Capitão Mourão era fazendeiro e possuia duas fazendas, sendo uma de café e outra de gado. O outro Avô, o Capitão José Elias, era dentista e ourives nas horas de folga.

Naquela época, pelo desenvolvimento de Piraju e sua importância no cenário brasileiro, sua política era acirrada e violenta.

Perdi dois tios, um de cada avô, assassinados pelas costas em emboscadas muito comuns naquela época.

Depois disto, meus avós por desgosto, foram se afastando da política e cuidando de seus afazeres e suas famílias.

A vida política de Piraju morreu na Revolução de 30, quando seu principal político, o Sr. Ataliba Leonel, cotadíssimo para Governador do Estado de São Paulo, perdeu seu poder político na cidade, que passou a ser governada por um Conselho Consultivo, onde meu avô Capitão José Elias de Souza era membro. 

Fotos tiradas recentemente em Piraju, na porteira da Fazenda de Café do Capitão Mourão e de um das Cachoeiras da fazenda, a cachoeira Neblina, nome este devido ao spray de água formada pela queda da cachoeira.

Eu sentado na cadeira que era do meu Avô, na sede da Fazenda de café.

A minha infância até meus 9 anos, foi vivida em Piraju, na casa acima, onde na companhia de meu irmão Célio, três anos mais velho que eu, foram vividos momentos de imensa felicidade e tudo que um menino do interior pode usufruir na vida simples da cidade.

A casa possuia um grande quintal que terminava no Rio Canadá, um afluente do Paranapanema e que serviu de muitos momentos de diversão para nós.

Na casa ao lado e por sinal conjugada, moravam meus tios Chiquinho e Nair e meus primos Breno, Cícero, Rosely e Rosimeire. Os poões das casa eram parede meia e fizemos uma passagem que permitia irmos de uma casa a outra e os porões eram nossos esconderijos.

Neste porão, minha gata Mimi criou vários gatinhos, que como meu pai não deixava eu ficar com eles, punha no quarto da frente, que dava para a rua, e esperava o término das aulas dos estudantes do Colégio Nhonhô Braga passar para doá-los. Era uma festa.

Depois de uns anos, meu tio Chiquinho se mudou com a família para a cidade de Itapetininga e a casa foi vendida para um fotógrafo Sr. Calleb, que ficou muito amigo da nossa família e tirou várias fotos minha, para ajustar a máquina.

Brincando na calçada em frente a casa vi os primeiros carros Ford, aqueles pretos, começarem a circular pela cidade, mas também tive a primeira desilusão quando um amiguinho que sempre brincava comigo, ir para a rua e ser atropelado por um destes carros. Depois disto, sem mais brincadeiras na rua.

Fazíamos nossos próprios brinquedos, como carrinhos de mão (aqueles tipo pedreiro) e muitas miniaturas de carros, com os carreteis de madeira que sobravam das linhas de costura de minha mãe.

Aliás, esta maquina de costura, uma Singer, que minha saudosa mãe costurava toda nossa roupa, com muito amor e carinho, e ficavam lindas, está comigo até hoje no meu apartamento.

Eu ficava horas sentado no chão, ao lado dela, observando o movimento dos pés que impulsionavam o pedal da máquina.

Foi num destes dias, já com 7 anos, que após uma briga com meu irmão, coisa de criança, minha mãe disse que era hora de eu ir para a escola, para parar de dar trabalho rsrsrs.

Aí eu comecei meus estudos. A escola ficava uns 7 ou 8 quarteirões de casa e depois de uns dias eu já ia e voltava sozinho. Quanta independência desde cedo.

Tinha uma amiguinha que estudava na mesma escola e morava perto de casa, que sua mãe ia levá-la e buscá-la de charrete e as vezes eu pegava uma carona. Era muito divertido.

Lá pelos meus 8 anos, o Calleb trouxe um televisor, antena e tudo mais de São Paulo e foi instalá-la em uma casa bem no alto da cidade, que por sinal era em frente ao cemitério.

Foi a primeira TV de Piraju, e no dia da inauguração o Calleb convidou-nos para a avant premiére. Foi um desastre. Fomos num chambequinho, eu na carroceria, a noite e ao lado do cemitério. Existe algo mais pavoroso para uma criança? kkkk

Calleb instalou a antena numa torre enorme, e como a imagem não pegava, ele subia na torre para virar a antena para pegar um sinal melhor, e ficava gritando para meu pai ver se estava bom.

Ele um chuvisco só.

E assim ficamos a noite toda, naquela expectativa de assistir alguma coisa e morrendo de medo das almas penadas. Por fim Calleb desistiu e disse que precisava providenciar mais alguma coisa, e que voltaríamos. Nem pensar!

Meu pai tinha um salão de barbeiro numa sala em frente a casa, que hoje na foto do início desta narrativa, vocês verão escrito garagem.

Meu pai era um excelente barbeiro e somente ele cortou meu cabelo até meus 24 anos de idade, quando me casei e fui morar em Campinas.

Tenho guardado comigo a navalha alemã que ele usava naquela época e com a qual iniciei meus primeiros cortes de barba. Eu aprendi a manejar a navalha e até a amolá-la em um pedaço de madeira com um couro que meu pai aplicava uma pasta, que afiava o corte.

Outra esprepulias eram na casa grande da chácara do meu avô Capitão Mourão. Todos os domingos era obrigatório irmos a missa e depois irmos todos, tios e primos, para almoçar na casa da avó Anna, meu avô já era falecido. Lá se juntavam os primos mais arteiros da família, eu, Célio, Sueli, Sônia, Vilma, José Augusto, Paulinho e Serginho. Era pura dinamite que deixava as tias de cabelo em pé, principalmente a tia Ida.

No fundo da chácara que era enorme e terminava no Rio Hungria, e desembocava também no Paranapanema, os meninos adoravam ir nadar.

Meu pai sempre me deu liberdade para fazer o que eu queria, mas tinha um tio linha dura, tio Antonio, pai do Paulinho e Serginho que não gostava nada. Um dia de muito calor, que não me contentaria de tomar um banho no tambor de água da horta da tia Ida (kkkkk), convenci meu irmão e os primos Paulino e Serginho para um banho no rio. Quando voltamos, tinha uma escadaria que descia da casa para o quintal, e lá estava o tio Antonio no alto nos esperando, com as mãos postadas nos quadris, em posição de guerra, e todos os tios em volta. Paulinho e Serginho foram mandados subir que depois ele falaria com eles, o Célio ficou de fora e sobrou para mim um sermão e um baita castigo. Em baixo da casa tinha um cercado com uma siriema brava e fui colocado dentro do cercado de castigo junto com a bichinha. Fiquei encolhido num canto e só pensava que se ela viesse eu ira dar uma mordida naquelas longas pernas. Paguei um mico danado.

Outra arte foi no engenho de cana que tinha ao lado de umas vaquinhas para leite de consumo próprio. Eu insisti com meus tios de passar a cana e minha mão foi junto. Meu tio Waldomiro que estava virando a manivela quando viu, segurou o tranco, mas quebrei um dedo que entrou na primeira engrenagem junto com a cana. Foi o dedo seu vizinho da mão esquerda. Pronto socorro? Nada! Fizeram uma tala de madeira, socaram confrei com sal e fizeram uma atadura e lá fui eu com uma dor do cacete de castigo. Óh vida!

De vez em quando, depois do almoço, em que as crianças comiam depois dos adultos, e só sobravam pé de galinha, pescoço e asas, as vezes queríamos ir a matinê do cinema da cidade, mas tinha que vencer a resistência da Avó e tias, que diziam que cinema não enchia barriga rsrsrs..

Mas nem tudo era tão ruim, como tinha muitas primas, uma das nossas diversões era espiar na fechadura elas tomando banho, e como as fechaduras eram um verdadeiro buraco, era muito divertido.

Depois a noite, todos sentavam na sala de estar, enorme, e ficávamos ouvindo as histórias de assombração que os tios contavam. O problema era ir dormir despois desta secção de terror. Chegavamos a ouvir os assovios do saci pererê na fechadura da porta do quarto, correntes se arrastando e cães latindo, etc...

Não era um quarto dentro da casa grande, punham-nos num quarto grande cheio de camas e beliches, do lado de fora da casa. Para não ficarmos pensando nas histórias, inventávamos umas brincadeira para distrair e uma delas era campeonato de peido. Isto mesmo, imaginem cerca de 10 crianças em um quarto, cada uma se esforçando o máximo para ganhar o campeonato. Não explodimos de dó. O Célio e a Sueli, sempre ganhavam.

Agora vou mostrar uma sequência de fotos ilustrando o texto acima.

Abaixo foto do Capitão Mourão e minha avó Anna Amorim Mourão, sua terceira esposa e seus 12 filhos, com ela. Ele ficou viúvo duas vezes, e teve mais outros 21 filhos com as duas anteriores, totalizando 33 filhos. Naquela época não tinha televisão rsrsrs.... Meu saudoso pai é o de terno claro e com gravata, em pé.

Aqui a foto de casamento dos meus saudosos pais Sr. Octacilio de Souza Mourão e D. Stella Maria de Souza que depois de casada se tornaria Stella de Souza Mourão.

Meus pais durante a Lua de Mel, minha mãe sempre um olhar sério, como na foto acima. Casal chiquérrimo!

Este é o escudo das armas da família Mourão.

Esta é a Carta Patente de Capitão da Guarda Nacional dada aos meus dois avôs por ocasião da Independência da República e assinada pelo primeiro Presidente do Brasil.

Neste caso da foto a carta é do Capitão Mourão.

Meu batizado com meus pais e padrinhos Dr. Luiz e esposa.

Eu já por volta de um ano de idade, com as roupinhas lindas feitas pela minha mãe. Ela era uma estilista de mão cheia.

Aqui eu com meus 7 ou 8 anos com minha gatinha Mimi sofrendo nas minhas mãos rsrsrs...em foto já tirada pelo fotógrafo e vizinho, Calleb. Camisa polo by Stella e suspensório, que era muito chique e comum naquela época.

Navalha Alemã marca Solingen, que deve ter pelas minhas contas, mais de 70 anos e com a qual aprendi a me barbear, sem nunca me cortar, o que era uma prova de maturidade.

Máquina de costura Singer de minha mãe, que costurou todas nossas roupas e que creio deva ter uns 80 anos. Hoje decora a sala de meu apartamento, onde passo horas admirando-a e recordando minha infância.

Este é outro tesouro que guardo com maior carinho. Uma pulseira em ouro feita pelo meu avô dentista e ourives Capitão José Elias, pai de minha mãe, quando ela nasceu. No próximo dia 27 de julho de 2016 esta obra irá completar 100 anos. É uma peça simples e de pouco valor econômico, ja que se trata de uma pulseira de bebê, mas de inestimável valor sentimental para mim.

Ainda em Piraju, antes que meu pai fosse transferido para Sumaré-SP, ainda me lembro de duas coisas do meu Tio João Mourão, que lá morava.

Primeiro ele teve uma fábrica de guaraná, no bairro brasilinha, onde entre outros, fabricava a deliciosa caçulinha e onde quando possível fazíamos uma visita para tomar caçulinhas até dar dor de barriga.

Esta transferência de meu pai ocorrida quando eu tinha 9 anos, foi porque ele passou em um concurso do Governo do Estado de São Paulo, para trabalhar nos Postos de Saúde e para assumir a vaga, tivemos que nos mudar.

Mas antes disto, ainda me lembro que depois da fábrica de guaranás, vendida, meu tio João abriu um armazém, em frente a escola que eu estudava, e sempre que podia eu dava uma "passadinha" para beijar sua mão, sem nenhuma pretenção kkkk.

Fui muitas vezes a pé e sozinho de casa para o Armazém do Tio João, buscar produtos de uma listinha que minha mãe fazia. É claro que aproveitava para pedir alguma guloseima. Observem o número do telefone na propaganda abaixo.

Ainda em Piraju, me recordo como se fosse hoje, minhas viagens com meus pais para a cidade de São Paulo, para visitar o irmão mais velho de meu pai, o Tio Mario, que morava no Jardim São Paulo.

Era uma viagem de trem que saia da estação de Piraju, fazia baldeação em Manduri e seguia para a Capital. Levantávamos de madrugada e a baldeação era feita ainda com a escuridão e quando passava o trem que vinha de Ourinhos, quase sempre estava lotado e tinhamos que ir em pé até São Paulo, onde chegávamos somente a tardezinha.

Me lembro de uma ocasião que não aguentando mais de cansaço, fui socorrido por uma freira que me abrigou em seu colo, e tive um sono dos anjos.

Já em São Paulo, tinhamos que pegar um ônibus que nos levaria para o Jardim São Paulo, e era aqueles antigos ônibus elétricos da CMTC, que eu ficava maravilhado em andar.

Agora já na casa do meu tio e da tia Nenê eu era super mimado pela minha tia, que não tinha filhos e me queria muito bem, não sei se porque gostava ou porque me tratava bem para eu não sujar a escadaria de ipê, lustrosa de cera e escovão, que dava para pentear o cabelo kkk

Ela fazia especialmente para mim, um doce que eu adorava e que só ela fazia delicioso, MARIA MOLE. Era comer até não aguentar.

Aí chegado o ano de 1957 ou 58, não me recordo bem, partimos de Piraju, de mudança para Sumaré-SP, onde moraria até 1973 quando me casei e mudei para Campinas.

Foi uma mudança de um dia inteiro na carroceria de um caminhão que trouxe a mudança e nós para nova vida, bem no espírito imigrante nordestino, que contarei na sequência.

Tchau Piraju, até um dia!

Em Sumaré

Antes de Sumaré, moramos por 9 meses em Valinhos, onde meu pai tinha sido transferido primeiro, mas logo depois veio nove transferência para Sumaré. De Valinhos, por ter sido pouco tempo, não tenho muitas recordações, a não ser aquela que para variar me dei mal. Comi um caminhão daquela florzinha chamada azedinha, que tinha cachos no muro da casa e fui parar no Hospital. Não deu para fazer muitas artes por lá.

Mas foi em Sumaré que me tornei a pessoa que sou hoje. Lá vivi minha verdadeira infância, rodeado de amigos e mil coisas para fazer, como nadar no Sítio Marcelo Pedroni, visitar o zoológico local, pescar e caçar no Sítio dos Vaughan, jogar bola no campinho em frente a casa do Vereador José Pereira, passar dias estudando no Seminário dos Freis Cappuchinhos de Nova Veneza em pleno Carnaval, trabalhar aos 14 anos na B.F. Goodrich como menor aprendiz, andar a cavalo, andar de bicicleta, namorar, etc...

Mas o começo foi difícil, como estava no 3º ano primário quando viemos de Piraju, e por passar pouco tempo em Valinhos, não tive uma boa adaptação e repeti dois anos este 3º ano.

Depois disto me firmei até repetir novamente o 1º colegial e daí já com 14 anos, não quis mais estudar de dia e passei para o Colégio Técnico a noite e fui trabalhar para ajudar meus pais, que viviam em grande dificuldade financeira.

Me empreguei como aprendiz de etiquetista na fábrica de pneus americana B. F. Goodrich. Era uma função de embalar câmaras de ar na produção, no meio da fábrica e fazia o horário de produção, ou seja, das 06:00 hs ás 14:30 hs. Eu tinha que me levantar às 05:00 hs da manhã para dar tempo de pegar o ônibus da fábrica que nos levaria até a Anhanguera, onde hoje fica a Pirelli, atrás da 3M.

Foi um período difícil, pois o local de trabalho era muito insalubre, pois em frente a secção que eu trabalhava ficavam as prensas de fabricação de pneus e o calor e pó preto infernizavam minha vida.

O pó preto era uma tinta como tatuagem, não saia fácil não e fiquei com marcas nas mãos por muito anos depois, devido ao manuseio das câmaras de ar.

Mas um dia, depois de um ano na empresa fui demitido por justa causa, foi a primeira e única vez que fui demitido nos meus 38 anos de trabalho.

O motivo foi que conheci uma menina em um baile em Sorocaba, onde foram morar meus tios Chiquinho e Nair, onde dançamos a noite toda de uma formatura, não sei de quem, e ela cantou em meus ouvidos a música El Reloj de Lucho Gattica. Aquilo me encantou e começei a namorá-la em São Paulo. Imaginem, eu com 14 para 15 anos viajando sozinho para São Paulo para namorar. Isto foi uma marca que carrego até hoje, sou muito independente e se precisar viajar e se for sozinho, vou em frente.

Mas voltando a demissão, tinha um italiano que trabalha no mesmo setor que eu, forte e brigão chamado Mario, que vendo minha apaixonite, ficava me gozando no trabalho até que um dia o chamei para trás dos pallets de caixas vazias de papelão em entramos num pau só. Briga esta que derrubou pallets e parou a produção em frente para assisitir a briga. Eu tinha um encarregado muito legal, um homem de cor negra, super gentil e educado que tentou abafar o caso, mas o estrago foi tão grande que não teve jeito, fomos os dois para a rua.

Anos depois, este mesmo italiano me salvaria de uma surra que eu com certeza levaria, por estar namorando uma menina de família tradicional de Nova Veneza, que é um distrito de Sumaré e onde ele vivia. Daí em diante ficamos amigos para sempre e pude namorar a vontade naquela cidade, porque ninguém ousava enfrentar o italiano. Que mundo gozado!

Mas voltando aos esportes, eu amava pescar e caçar (naquela época podia dar uns tiros por aí). Eu e um amigo do peito de nome Vanderlei, que chamávamos de Janda, vivíamos indo armar espinhel no sítio dos Vaughan a noitinha para voltar e pescar no dia seguinte. Quando chegávamos desarmavamos os espinhéis e já começávamos o dia com alguns bagres.

Depois armávamos as varas e pegávamos as espingardas ( a minha era uma cartucheira Beretta calibre 28 que fazia um estrago) e íamos caçar patos na lagoa em frente. Bons tempos!

Naquela época esqueci um pouco dos namoros. Eu até tinha uma namorada que ficava esperando eu chegar as vezes já anoitecendo, para me dar umas broncas e perguntar se não íamos namorar. Imagine, eu estava morto de cansado e ia dormir rsrsrs.. O namoro não durou muito, mas eu estava focado em pescaria e caça, fazer o que?

Nesta mesma época, inventamos de ir a noite caçar rãs, e sempre voltávamos com varias delas. Minha mãe as preparava e era uma delícia.

Fora os peixes que também trouxemos várias vezes.

Naquela época eu estava me desenvolvendo bastante fisicamente e junto com um amigo, íamos de casa até o Sitio do Marcelo pulando corda, isto mesmo, pulando corda por uns 3 ou 4 km, para aperfeiçoar a preparação física. Lá chegando nadávamos mais uns 2 km que era pular no lago no ladrão e nadar até a sede de campo da Igreja Protestante e voltava pulando corda.

Era uma pauleira!

Fora isto, mais cedo, com uns 10 ou 11 anos, toda noite era nos reunirmos na Rua 7 de setembro, em frente a Telefônica do Sr. Coral, para brincarmos na rua, jogar bola, queimada e dar umas paqueradas na belíssima filha do Sr. Coral, a Jane Coral. Até fiz uma tremenda amizade com o irmão dela, sem nenhum interesse, até conseguir uma foto dela que guardei por muito tempo. a, até ver que não tinha futuro.

Sempre gostei muito de dançar, e entre os 16 e 20 anos, mais ou menos, participei de quase todos os bailes de formatura que tiveram nas cidades vizinhas, e algumas até mais longe, como por exemplo na cidade de Piracaia-SP, distante uns 80 km de Sumaré.

Olhem aventura ou loucura, como quizerem. Eu e mais 3 amigos, sendo um deles o Laerte Tanner, que era menor de idade como eu, pegamos o jipe do pai dele e saimos de madrugada de um sábado para irmos até Piracaia. Como o Laerte não tinha carta de motorista, fomos desviando as estradas principais, por caminhos de terra, para não sermos surpreendidos.

Imaginem como chegamos lá. No final de tarde e sujos que nem porcos, pois o jipe deixava entrar toda a poeira da estrada, sem contar que chegamos descaderados.

 Mas como tinhamos levado o smoking em malas, tomamos um banho, comemos alguma coisa e fomos para o baile. Dançamos até o amanhecer, pegamos o jope e voltamos para casa. Nem precisa dizer que estávamos mortos de cansados.

Mas, isto já tinha se tornado uma rotina, pois várias vezes fomos de ônibus aos bailes nas outras cidades e dormíamos nos bancos de jardim até os onibus voltarem a circular de manhã.

Também várias vezes voltavamos correndo, para não apanhar dos adolecentes bravos das outras cidades, pela invasão indesejada e flerte com as locais.

Foram belos dias, onde não havia violência que se vê hoje por nada e a única violência era o ódio dos meninos das outras cidades contra os invasores, mas nada que uma corridinha não resolvesse.

Depois que fui demitido da Goodrich, fiquei um ano parado e depois disto, fui trabalhar no Armazem do Escalhão, pois ninguém empregava um jovem em idade de alistamento militar.

Então meu trabalho era empacotar as encomendas dos clientes rurais e depois ir com o Osmar Escalhão, de kombi, fazer as entregas nos sítios.

Era uma festa, porque o pai do Osmar era meu chefe, mas ele meu amigo e fazíamos do trabalho uma diversão.

Nesta época, meu irmão mais velho, hoje já falecido, Hélio, começou a comprar uns carros em São Paulo onde ele morava, e vinha para Sumaré com estes carros para visitar-nos. Foi quando quis aprender a dirigir e ele propos irmos para a Praia Grande, que daria para aprender na praia. Naquela época, os carros transitavam na areia da praia e assim aprendi a dirigir em um  Vauxhall Inglês, que a porta abria para a frente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois disto, o Osmar dava umas canjas para eu dirigir a Kombi nas estradas rurais. Notem que o Osmar também como o Laerte era menor de idade, mas sabem aquele menor responsável, que nunca deram problema dirigindo, éramos nós.

Depois já livre do exército, consegui um emprego no Depto pessoal da Eletrometal Aços Finos. Era Apontador de Pessoal, que o pessoal de fábrica chamava de dedo duro, pois tinha que anotar e passar para o depto. todas as irregularidades dos funcionários. Não deu Ibope e depois de um ano passando por maus bocados pois tinha que ficar andando na fábrica, com aqueles trabalhadores fazendo cara feia para mim e ainda suportando um calor infernal dos fornos de derretimento de aço, pedi para sair.

Aí fui trabalhar e morar por um ano em São Bernardo do Campo-SP, onde meu irmão Hélio morava, e lá já estava morando também o irmão do meio, o Célio. Era no km 13 da Anchieta, conhecido como parada Translor, que era uma enorme transportadora de carros do ABC e que ficava próximo.

Fui trabalhar numa empresa chamada Alje Maquinas Operatrizes, cujas sede era na Rua Marconi, no centro de São Paulo.

O Célio estava trabalhando em um Banco próximo a ladeira Gal. Carneiro e íamos juntos até a Rua Direita, pegando o Expresso São Bernardo na pista da Anchieta e descendo no terminal do Parque D. Pedro, subindo então a Gal. Carneiro, tomando o café da manhã num daqueles bares tradicionais da região e cada um se dirigindo ao seu trabalho. Ele na 15 de Novembro e eu na Marconi.

Fiquei somente um ano em São Bernardo, porque a Alje abriu um unidade em Nova Veneza, atrás da Eletrometal, e fui transferido para lá. Melhor porque voltei a viver com meus pais em Sumaré.

Neste ano em São Paulo a vida era difícil, porque acordava cedo e ia dormir tarde. Entre os irmãos tinha uma regra que todos eram responsáveis pela comida, então o Hélio e o Célio cozinhavam, e eu que não sabia cozinhar, lavava tudo depois.

O Hélio trabalhava na Fontoura Wyeth na Anchieta, químico responsável pela produção de amplacilina e como tinha uma cooperativa de alimentos para os funcionários a preços subsidiados, o Hélio trazia de tudo e comíamos bem a beça. Lá aprendi a comer aspargos na manteiga, e tomar latas e mais latas de leite condensado, um luxo na época.

As únicas diversões que me lembro naquele ano, era irmos a casa de um amigo do Hélio onde eles bebiam e atiravam com espingardas calibre 22 em alvos no quintal. Começei a atirar com eles e por diversas vezes acertei o alvo em cheio. Mão firme de adolescente.

Lá também conheci aquela que se tornaria a primeira mulher do Hélio, a Dolores, que depois de alguns anos, estavam separados. Aliás o Hélio nunca se deu bem com o casamento, pois tendo saido cedo de Piraju, aos 15 anos, para trabalhar e estudar em São Paulo, tinha uma vida muito boêmia e não havia casamento que durasse. Depois vou contar mais alguns casos cabeludos dele, que me deu muito trabalho, a mim e ao Célio principalmente que ficou morando com ele por mais alguns anos até se casar.

Minha família na casa da Rua João Francisco Ramos em Sumaré. Vemos em pé o irmão mais velho Hélio, 10 anos mais velho que o do meio, o Célio, que era três anos mais velho que eu. Acho que eu tinha uns 10 anos nesta foto.

Aqui está a foto de um Vauxhall Inglês igual ao que aprendi a dirigir com 14 anos, a unica diferença era que o do meu irmão, era cor azul e lindo.

Depois do Vauxhall, vieram o Morris Oxford, Oldsmobile e por aí vai. Me lembro de ter dirigido até o Oldsmobile, que era automático, uma tremenda novidade naquela época, um luxo de carro.

Mas voltando um pouco no tempo, com meus 12 anos +-, meu pai me levou a Campinas, para o Grupo Escolar Orozimbo Maia, no início da Andrade Neves, para um dentista da escola que fazia a colocação dos primeiros aparelhos de correção dentária, que estavam começando a surgir, e de graça. Eu tinha os dentes meio atrapalhados de tanto descascar cana de acuçar na boca, e precisei botar os ditos aparelhos.

Foram uns três anos com aquele monstrengo, eram enormes no começo, na boca. Toda semana eu tinha que ir no dentista para ajustes e correções. No começo meu pai ou mãe iam comigo, mas depois passei a ir sozinho. Eu ia de ônibus e a rodoviária de Campinas naquela época era em frente a estação ferroviária. Eu descia na estação e andava uns 300 metros até o Grupo Escolar. Ao lado da estação tinha um bar, que as pessoas comiam salgadinhos, bebiam e tinha uma televisão.

Um dia em 1963 passando pelo bar, estava um alvoroço danado e era a notícia da morte do Presidente dos EUA, John Kennedy. Aquilo ficou gravado na minha memória como um grande acontecimento.

Mais tarde, presenciei a chegada do trem com o Sr. Jânio Quadros e sua vassorinha, fazendo discurso no ultimo vagão da composição. Ele usou o trem, que era mais rápido e cobria um maior numero de municícipio, porque ele não descia para comício, fazia ali mesmo e depois partia para outra cidade. Fiz coleção de alfinetes de vassourinha que eles entregavam.

Em 1964, com o acirramento da política, veio a Intervenção Militar, e naquela época eu já ia para Campinas de trem, e na estação e nos arredores se via vários soldados de arma em punho fiscalizando os transeuntes e os tanques de guerra circulando pelas ruas.

Nunca tive o menor problema com estes militares, muito ao contrário, tinha muito respeito e é por isto que hoje defendo uma Intervenção Militar e tenho o maior orgulho das FFAA.

Minha Adolescência

Todos sabem da dificuldade de se lidar com a adolescência e comigo não foi diferente.

Acho que esta fase da vida é um divisor de águas na vida de um homem. Dali é que se vê o que você vai sair, um homem de bem ou um bandido.

A turbulência nesta época é tanta, que a soma de todos os fatores vai moldar definitivamente sua personalidade e caráter.

Na minha época especialmente vivíamos uma mudança radical dos costumes, onde ocorreram os movimentos mais libertadores da juventude, até então presa pelos dogmas de uma vida pacata e obediente aos padrões estritamente familiares.

Ali pude vivenciar a saída dos fillhos para a faculdades, os movimentos hippies com o famoso primeiro encontro mundial em Woodstook nos E.U.A. e a Jovem Guarda no Brasil. Daí se seguiram os Beatles, Rooling Stones, etc...

Foi a época que surgiram as malditas drogas, que se enfiltravam nos bailinhos muito comuns naquela época, entre elas aquela que para muitos jovens até hoje, é sinal de emancipação, o cigarro.

Este foi o único deslize que cometi, fumando dos 16 aos 19 anos, mas um dia parei para nunca mais voltar a fumar.

Muita mudança em pouco tempo, que faziam girar a mil por hora a cabeça dos jovens e quem não teve estrutura para se segurar, se perdeu para sempre, mas quem soube separar, foi um período de grande aprendizado.

Dizer que não passei raspando por diversas situações de perdição, seria mentir, mas felizmente nunca em minha vida de dobrei para o mal, resisti, observei, aprendi e escolhi o melhor caminho.

Neste período é difícil para o jovem distinguir o que é boa e o que é má companhia, e tive que descobrir por mim mesmo pois naquela época não existia os diálogos entre pais e filhos como ocorre hoje em dia.

Nesta fase pude conhecer algumas destas tentações como o Km 107 da Anhanguera e a casa da luz vermelha no Taquaral em Campinas.

Mas o sonho de estudar e me formar em uma grande profissão sempre falou mais alto e depois de me afastar destas tentações, foi nos livros que busquei minha real emancipação.

Nos anos 67, 68 e 69 nem os carnavais mais eu participava, costumava fazer um retiro espiritual e de estudos no Conventos dos Freis Capuchinhos em Nova Veneza, onde o Frei Tomatinho (era seu apelido, e não me lembro do nome e vocês devem imaginar o porque do nome) sempre me acolhia com o maior carinho.

Depois de completar o curso técnico em contabilidade, fui prestar vestibular para a faculdade de administração de empresas, e, no ano de 1970, então com 20 anos de idade, ingressava na faculdade.

Fui o primeiro filho a iniciar um curso superior na família, já que meus irmãos tinham prestado até o científico (que hoje é fundamental 2, ou ensino médio). Anos mais tarde meu irmão Célio também viria a se formar em um curso superior, já casado e morando em São Paulo.

Nos próximos 4 anos até me formar em 1973 na PUCC no último ano de atividade da faculdade no Pátio dos Leões, que depois se mudou para o Campus da PUCC em Barão Geraldo, muita coisa ocorreu.

Naquela época era tão raro um jovem da cidade de Sumaré ingressar na Faculdade que só existia em Campinas, que foi realizado um baile na sede social do Clube Recreativo no centro, só para raspar a cabeça dos "bichos" e prestar uma homenagem.

Imaginem o meu orgulho e dos meus pais.

Abaixo estou com minha mãe, D. Stella, participando da formatura dos alunos do Colégio Técnico de Sumaré, então com meus 19 anos, no ano de 1969. Este smooking comprado com muito sacrifício pelo meu saudoso pai Sr. Octacílio, especialmente para esta data, guardo até hoje de lembrança apesa de não caber mais dentro dele, pois na época pesava meus 67 kilos, contra meus 84 kh de hoje.

Qualquer semelhança do cabelo de minha mãe com o da Amy Winehouse é mera coincidência kkkkk

Como já disse que aprendi a dirigir com 14 anos, e tendo já completado meus 18 anos em 16/12/1966 ingressei em uma autoescola e tirei minha primeira habilitação para dirigir em  19/01/1968, quando meu irmão Hélio cedia seu fusquinha 1961 água marinha para levar meus pais para a praia e para nossa cidade natal Piraju.

A foto está mal tirada, mas dá uma mostra de uma das viagens a Piraju em que fomos a Piraju eu, meu pai e minha prima Sônia fora do carro e minha mãe escondida no banco trazeiro. Esta foto foi tirada em um dia frio e ventoso na represa de Jurumirim por isto minha mãe nem saiu do carro. O Fusca 1961 tinha sómente a primeira marcha sincronizada e exigia muita habilidade para ser dirigido. Anos mais tarde, meu irmão me vendeu em um negócio de irmão para irmão, e ele se tornaria meu primeiro carro. Foi com ele que eu e a Ana fizemos nossa viagem de Lua de Mel para Poços de Caldas (um luxo naquela época) e no qual coube uma cadeira de vime pela qual nos encantamos e apesar de grande, compramos e fiz uma ginástica para trazê-la no banco trazeiro. Ela era redonda e daquelas que quando você se senta, quase some na cadeira e realmente não sei como coube ali.

Voltando um pouco no tempo, no ano de 1967 quando iniciei o primeiro ano no colégio técnico de contabilidade, também comecei a trabalhar em uma grande empresa multinacional, emprego este cobiçado pela maioria dos jovens da cidade, a 3M do Brasil Ltda que fica no km 110 da Anhanguera.

Isto me ajudou muito a definir meu rumo na vida por se tratar de uma empresa com padrões elevados de ética e responsabilidade que me foram passados através dos 22 anos em que lá trabalhei, mas isto será contado mais tarde.

A 3M sempre fez parte da minha vida, desde pequeno. A empresa teve um diretor americano que morava em uma chácara em Sumaré, Mr. Peter, e este tinha um belíssimo carro Impala branco com o interior vermelho e por cima, conversível.

Muitas vezes ele ia aos finais de semana na cidade para compras com sua esposa, e como bons americanos, ambos usavam bermudas, coisa inconcebível para as mulheres brasileiras naqueles tempos.

Como garotos espertos que éramos (eu e meus amigos de infância), quando sabíamos que eles estavam na cidade, nos dirigíamos para a única passagem pelos trilhos dos trens que davam acesso a cidade e subíamos numa árvore próxima, para olhar aquela maravilha de carro por dentro a aproveitava dar uma espiada nas pernas da gringa.

Vocês podem então imaginar minha alegria ao ingressar como funcionário desta empresa em 1967. Era tudo uma maravilha. Tomávamos os ônibus que transportavam os funcionários da cidade até a fábrica, onde ao meio dia era servido um lauto almoço no restaurante da fábrica, comandado por um famoso Chef chamado Orlando Mascaro, o Sr. Mascaro que depois de muitos anos eu viria a trabalhar no mesmo depto que trabalhava seu filho de mesmo nome.

O restaurante era dividido em quatro alas, sendo o bandejão de fábrica, o do escritório, o A La Carte e o da diretoria. Tinha um outro muito especial somente usado em ocasiões especiais, como visitas ilustres e dos diretores da 3M USA.

Uma única vez tive a honra de almoçar neste último, especial, tão cobiçado.

Na grande maioria das vezes era no bandejão do escritório que nos alimentávamos, mas em raríssimas ocasiões especiais, os pobres do bandejão iam se refestelar no A La Carte (que lógico era mais caro).

O Sr. Mascaro algumas vezes no ano fazia um prato especial nesta ala, chamado camarão a grega, que deixava nossas lombrigas em povorosa e aí comprávamos somente um vale do A la Carte dos amigos mais abastados e invadíamos esta ala, para desespero do Sr. Mascaro. Confesso aqui que eu era tão glutão, que pela amizade que tinha com os garçons desta ala, eu comia dois pratos pelo preço de um. Que horror!

Mas como já disse, mais tarde vou contar um pouco mais da minha vida na 3M e vocês verão como ela influenciou minha vida, para começar que foi lá que conheci em 1969 aquela que viria a ser minha eterna companheira de vida, a Ana Maria Afonso Montemurro Mourão.

E assim voou minha adolescência e parti para meus estudos que se prolongariam por muitos anos, mesmo depois de concluida a faculdade.

Meus anos de faculdade

Talvez resida neste período minha maior paixão e confiança neste País, período este da Intervenção Militar, de grandes esperanças para uma Nação poderosa e de futuro onde me lançei de corpo e alma na minha formação acadêmica e moral, para servir este País com a maior dignidade possível.

Já tinha naquela época os mesmos lesa pátrias de hoje, mas em pequeno numero e bem vigiados pela política da época, onde não poderiam fazer a algazarra que fazem hoje, suas intervenções prejudiciais aos interesses do País, que só servem a eles mesmos.

Daí então, morando em Sumaré, trabalhando durante o dia, no final da tarde me dirigia a estação de trem para ir a Campinas, onde iniciei minha Faculdade de Administração na PUCC.

Foram anos dificílimos, onde na maioria da vezes não tinha tempo para jantar e ia para a faculdade de estomago vazio e só voltaria a me alimentar a hora que desse, que eu chegasse em casa.

O dinheiro não dava para comer fora e as vezes vendo minha desnutrição, alguns colegas de Campinas me pagavam um pingado num bar próximo, para eu aguentar até às 23:00 hs quando terminavam as aulas e tinha que ir correndo para a estação aguardar o trem das 23:30 hs que me levaria de volta a Sumaré.

Mas o trem que quase sempre estava no horário na ida, nunca estava no horário na volta, então sempre chegava em Sumaré entre 01:00 e 05:00 hs da manhã do dia seguinte.

Quantas vezes meu pai não estava acordado me aguardando aflito por não saber o que estava acontecendo. Nas vezes das 05:00 hs eu tomava banho me alimentava e ia trabalhar, sem dormir.

O trem tinha um passe chamado carteira kilométrica, que dava desconto para estudantes, então não usava o ônibus, que mesmo assim tinha à meia noite seu último horário.

Tinha uma galera de Sumaré, Nova Odessa, Americana, Santa Bárbara, Piracicaba e Limeira na mesma situação.

Então os homens cediam uma meia de um dos pés, fazíamos uma bola de futebol e ficávamos jogando no páteo da estação, até cair de sono.

Muitas vezes não acordei em Sumaré e foram me acordar em Nova Odessa, onde eu descia e voltava para Sumaré a pé, no maior breu. Era uma hora a mais de caminhada.

Foram 4 anos assim e daí vocês podem tirar uma idéia do porque detesto estes partidos  malditos de gente que não estuda, só fazem arruaça e bagunça na ânsia de ter todos os direitos dos demais que se dedicaram a estudar e ajudar o Brasil atravéz de muito trabalho e suor.

Esta opinião é inegociável e morrerá comigo. Não quero com isto dizer que só quem tem estudo é honesto e trabalhador, mas quem não estudou e nem trabalhou e faz  arruaça para ter direitos de não sei de onde, não merece meu respeito, porque não contribui com o desenvolvimento da Nação muito pelo contrário, depreda a Nação.

Muita coisa aconteceu neste quatro anos, de 1970 a 1973. No emprego que estava no início dos anos 70 na 3M, fui para uma fábrica de vagões em Sumaré chamada SOMA Equipamentos Industriais onde recebi uma bolsa de estudo pelos 4 anos de faculdade e a quem devo muito, particularmente ao Gerente de RH e ao Sr. Victório Walter dos Reis Ferraz, em memoriam, pelo muito que fizeram para mim.

Ao final dos anos 73 fui para a IBM que naquela éopoca era a empresa mais cobiçada pelos universitários e onde entrei depois de concorridíssima seleção.

Depois em 76 voltei para a 3M de onde saí aposentado, mesmo assim trabalhei mais 8 anos em empresas de Propaganda e Publicidade e por fim na multinacional Italiana Colorobbia, onde pude conhecer países como Itália, Espanha, Àustria e Alemanha.

Mesmo depois de formado em 73, fiz muitos outros cursos de extensão universitária em escolas de São Paulo como: FAAP, FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS E ESPM sendo neste dois últimos, especialização em Marketing.

Neste meio tempo fiz diversos cursos avançados de Inglês para poder desempenhar a contento minhas atividades profissionais.

Mais uma vez a vida não foi fácil para mim, que saia do trabalho e esperava o Cometa na Bosch para ir a São Paulo, sem banho nem refeição. Se dava comia um lanche na Praça da República e invariavelmente chegava em casa por volta das 02 ou 03:00 hs da madrugada.

Fiz minha parte para o engrandecimento deste País e do bem estar da minha família, mas hoje me arrependo de ter sido tão confiante nas palavras dos Dirigentes desta Nação e não ter tentado a sorte em outro País.

Poderia estar muito melhor e sossegado nesta altura da minha vida, onde pelo contrário vivo na expectativa do pior, numa época da velhice que já não tenho mais força para retomar a luta.

Por isto insisto com meus filhos e netos que tentem uma vida lá fora, porque não vejo uma luz no horizonte para este País para as próximas décadas.

Minhas andanças

Nas funções que exerci profissionalmente, além daquelas inciais onde exerci cargos de auxiliar de escritório, supervisor, relações públicas, fui depois de alguns anos para a área de marketing onde exerci o cargo de Gerente de Marketing e posteriormente Diretor de Vendas viajando muito pelo Brasil e para o exterior e tendo contatos importantíssimos de diversas empresas e culturas.

Viajei para Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela México e Estados Unidos e posteriormente para a Europa, como já disse para Espanha, itália, Àustria e Alemanha o que preencheu com muito prazer tudo pelo qual me preparei.

Paguei muitos impostos para ter agora uma velhice sadia, mas não contava com a incompetência e corrupção dos nossos governantes em tocar a Nação.

Mas aquilo que realizei pessoalmente ninguém me rouba e morrerá comigo, assim como meu caráter e minhas opiniões e isto alivia o fardo que virá ainda até meus últimos dias.

CASAMENTO

Conheci minha mulher com quem sou casado à 43 anos nos idos de 1969 na 3M, e nos casamos em 1973 meu último ano de Faculdade e de onde tivemos um casal de filhos, primeiro a Fernanda e depois o Daniel.

Como não poderia deixar de ser, a nossa vida sempre foi de luta, nunca com excessos e também nunca faltou nada, apesar de nunca sobrar nada.

Para casar, compramos nossa primeira casa numa vila de casa populares e colocamos de tudo que a casa precisava para iniciarmos nossa vida, algumas peças ganhas de presente de casamento e outras compradas ao longo dos anos anteriores.

Nossa única dívida foi uma mesa de cozinha e suas quatro cadeiras e nosso primeiro carro, um fusca 1961 vendido pelo meu irmão mais velho, o Hélio, para pagar em suaves prestações mensais.

Foi lá que tivemos nossos dois filhose onde permanecemos por 10 anos, tendo após isto feito um upgrade para uma casa maior e mais moderna, onde também ficamos mais 10 anos, indo posteriormente para um apartamento novo e bem localizado, onde permaneço até os dias atuais.

Nossos filhos de formaram, casaram, nos deram netos maravilhosos que hoje são nossas maiores alegrias  e por quem nos dedicamos todo nosso amor.

Minha mulher também se aposentou e hoje além dos netos, ela tem seu grupo de amigas com quem divide seu tempo e eu fui para a prática de ciclismo, que adoro e onde encontrei pessoas maravilhosas que hoje são parte da minha família e isto voces poderão seguir nos itens próprios deste bolg.

Acho que resumidamente é esta minha vida e se tiver mais alguma coisa a acrescentar, volto a escrever.

Um abraço a todos e que Deus abençõe esta Nação que é dos nossos descendentes.

 

Nova Fase da minha vida, minha mudança para Salvador-Bahia em Dezembro de 2016

Aqui novamente as esperanças renascem na eterna busca da felicidade, desta vez na terra do descobrimento do Brasil, Salvador Bahia.

Depois de 43 anos vivendo em Campinas-SP,  e já agora com 68 anos, dou mais este passo na minha vida, temeroso pois já não tenho mais o arroubo da juventude, mas convicto de que o homem não nasceu para fincar raízes e deve sempre que não estiver mais confortável em um lugar, procurar mudar de ares e dar uma chance para a vida.

Não é fácil deixar tanta história para trás, amizades, zona de conforto, mais vamos em frente.

Lá em Salvador mora meu filho Daniel e sua esposa Carol e seus dois filhos Dudu e Belinha e vamos aproveitar um pouco a convivência deles e temos certeza será profícua.

Mais tarde relatarei um pouco mais desta nova fase. Até lá!

É claro que como um apaixonado por bicicletas, não poderia deixar de colocá-las em lugar de destaque na nova moradia na Bahia.
Além da minha bike "de serviço", aquela de uso diário, tenho duas bikes de coleção. Estas duas fotos são da Peugeot 1979 toda original, que foi fixada na sala.
Esta tem toda uma história de vida. É uma Göricke 1952, marca alemã que foi fabricada no Brasil até os anos 60 e que meu pai tinha uma e onde eu aprendi a andar e amar bike. Está no quarto de visitas onde passo horas admirando-a e recordando daqueles tempos.
Meu querido pai nunca teve carro e sua bike era seu meio de transporte e trabalho. Ele já era ecologicamente correto naqueles tempos, pois só usava bike em seus deslocamentos na cidade de Sumaré-SP.
É minha relíquia e resgata toda minha história de paixão por bicicletas.

Conhecendo a Bahia-

Chapada Diamantina

de 01 a 06/05/2017

Aproveitando o feriado de 01 de maio, eu e a Ana resolvemos ir conhecer a Chapada Diamantina.
Escolhemos ficar fixo numa cidade e de lá partir para os diversos passeios na região. Fomos para Mucugê, de quem tínhamos boas referências.
Acertamos em cheio, a cidade é um diamante bruto, da época da exploração deste precioso mineral, e de uma história impar.
Passamos dias de muitas caminhadas e exercícios ao ar livre, com um clima ameno para frio, ar puro e boa alimentação.
Ficamos numa Pousada chamada Monte Azul, que recomendo a todos, agradabilíssima, limpa, bonita, organizada, cujo proprietário, um alemão chamado Gotz, foi de uma receptividade incomum neste País.
Bem vamos publicar algumas fotos desta viagem, fazendo os comentários pertinentes.
A pequena, mas agradável Mucugê encravada na Serra do Sincorá. Um lugar mágico, de uma energia contagiante. Eu escalei esta montanha até o Cruzeirão no topo, para pagar uma penitência e agradecer e pedir proteção para nosso País, minha família e meus amigos. Falarei mais a frente.
A sensacional Pousada Monte Azul do alemão Gotz, a melhor da cidade.
O excelente café da manhã da Pousada. Esta senhora nesta posição suspeita (soltando um pum) não é minha mulher não, é uma hóspede que entrou na frente bem na hora da fotografia rsrsrs..
O inusitado cemitério Bizantino incrustado no morro do Cruzeirão, que mais parece um museu a céu aberto. Uma visita imperdível, apesar de fúnebre, principalmente a noite quando a iluminação dá uma grandiosidade ao local.
Do cemitério para a Igreja de Santa Luzia construída pelos escravos toda em pedra em 1855, simples mas muito linda, medieval.
Como não poderia deixar de acontecer, minha mulher Ana Maria Mourão, muito religiosa, fazendo sua oração.
O Diamante na praça central, simbolo da época da pujança econômica da cidade.
A vida noturna com seus cafés e crepes, em locais muito agradáveis.
A noite a temperatura despenca e se ventar então é de doer. Aqui fomos pegos desprevenidos e estávamos nos aquecendo.
Ana Maria desfilando seu charme em outra noite fria
Já durante o dia, a temperatura era amena e agradável. Aqui vemos o estilo de construção de cidade que é tombada pelo patrimônio histórico e sua ruas são totalmente calçadas de pedras da região. Lembra muito Paraty-RJ.
Agora vamos para os passeios na região do Parque Nacional, como: Projeto Sempre Viva, Museu do Garimpo, Poço Encantado, Cascatas do Tiburtino e Piabinha, e, a incrível cidade de Igatu, das ruínas dos garimpeiros.  
Pronto para o sol que vier. A protuberância abdominal é o resultado do excelente café da manhã rsrsrs
Agora vou publicar as fotos e comentários de alguns dos passeios disponíveis na região. Vou começar por um dos mais belos: O Poço Encantado. Trata-se de uma gruta com um poço profundo, mais de 60 metros do espelho d'água até o chão, onde para se ter o acesso é preciso descer mais de 300 degraus rústicos, sendo uns 60 deles dentro da caverna escura e sem nenhuma estrutura fácil, é na garra mesmo. Mas chegando lá o silêncio e a imagem são de arrepiar. Este poço no passado podia-se mergulhar, mas como não há renovação da água, hoje está proibido.
Tem que usar capacete e lanterna para descer no poço, pois várias vezes bati com a cabeça nas rochas, devido ao espaço dentro da gruta ser muito apertado. Aqui o guia me iluminou com sua lanterna para esta foto.
Aqui estamos chegando na cidade de pedras e parcialmente abandonada de Igatu. No passado já teve mais de 6 mil habitantes, na época da exploração dos diamantes, mas hoje abandonada não tem muito mais de 300. Quase a totalidade das construções são de pedra e muito bonita.
A cidade, a exemplo de Mucugê, fica encravada nas montanhas de pedra e mais parece um Paraíso. A energia é surpreendente. Muitos famosos circulam por lá para absorver um pouco desta energia. Devido ao terreno montanhoso e pedregoso, só se tem acesso a cidade de veículo 4x4. Quem tenta com carro normal, invariavelmente acaba quebrando.
Aqui a Ana posando no minúsculo centrinho da cidade, ao lado da potente Land Rover que alugamos para este passeio. Adoramos Jipes, já tive uma Toyota Bandeirante cabine curta e matamos um pouco a saudade.
Agora um pouco do passeio pelas ruínas.
Agora estamos no Projeto Sempre Viva. Trata-se de um projeto de recuperação de uma flor endêmica da região, a sempre viva que por anos explorada como fonte econômica da cidade logo após a escassez dos diamantes, se viu a beira da extinção. Aí estamos no prédio construído entre as rochas e que serve como laboratório para o cultivo e desenvolvimento das novas plantas.
Aqui eu e a Ana estamos com um buque da Sempre Viva na cor original dela, pois muitas são coloridas artificialmente para exposições. No museu da cidade de Mucugê tem exposta uma flor com mais de 60 anos após colhida. Ela permanece igual, daí seu nome Sempre Viva. O interessante é que ela age como se estivesse no solo ainda, mesmo após todos estes anos. Se tem muito sol ela se abre e se está frio e úmido ela se fecha. Interessantíssimo.
Algumas versões delas coloridas artificialmente. Belíssimas!
A plantinha sendo cultivada em vidro no laboratório, para depois ser transferida para um campo de cultivo e recuperação. Neste campo não pudemos ir, pois é fechado para a visitação pública. Uma pena, pois poderia ser aberto e monitorado, onde veríamos a planta em seu estado natural.
Ainda dentro do Projeto existem duas cachoeiras, sendo a maior a do Tiburtino, que reproduzo abaixo.
A placa por si só já revela a importância deste rio com suas cachoeiras.
Esta cachoeira tem cinco quedas, sendo a última a maior delas com cerca de 100 mts e que depois não se tem mais acesso, porque ela entra em um cânion e desaparece. 
Vejam um pouco das flores que habitam a região e que fui fotografando ao longo dos mais de 1.500 mts entre o projeto e a cachoeira
Esta sobrevive em local totalmente inóspito, entre as pedras, mas deixa nossos olhos maravilhados com tanta beleza.
Aqui a última etapa da viagem. Era para termos fechado a conta da Pousada no dia anterior, mas fiquei os cinco dias procurando algu´m que me acompanhasse na subida do Cruzeirão, este morro de cerca de 500 mts de altura, onde fica o cemitério bizantino e onde no seu ponto mais alto existe uma cruz.
Não achando ninguém que me acompanhasse, falei para a Ana que ficaríamos mais um dia e que na manhã seguinte eu tomaria meu café e iria enfrentar a subida sozinho. Eu ansiava por isso, só não sabia o quanto seria penoso e solitário.
Não existe escadas, nem placas, o que tem são pedras que você vai escalando durante os 500 mts, mais ou menos pelo que você supõe que seja o melhor caminho. Além de precisar de muito esforço, pois a subida é íngreme, tem que dobrar a atenção para não levar um tombo, pois poderia quebrar uma perna ou torcer um tornozelo e lá não funcionava o celular, de modo que teria que ficar aguardando a Ana dar falta de mim e providenciar um resgate. Agora se batesse a cabeça, aí já era.
Mas acho que minha vida ultimamente tem sido mesmo parecida com um ermitão, e lugares assim me fazem um bem enorme, pois posso ter momentos de paz absoluta e fazer um balanço do que é mais importante para mim e o que é descartável.
ATÉ BREVE, MINHA PRÓXIMA AVENTURA E QUE DEUS PROTEJA ESTE PAÍS E NOSSAS CRIANÇAS, ESPECIALMENTE MEUS NETOS PIETRO, DUDU E BELINHA.

Estamos no mês de janeiro de 2019 e passado um tempo após a última atualização da minha vida, tenho novas mensagens a acrescentar.

Nunca nos meus 70 anos de vida fui submetido a nenhuma cirurgia, tendo ficado somente uma vez hospitalizado por uma semana por conta de uma pneumonia.

Mas no mês de marco de 2018 sofri uma queda caminhando na Declaton de Campinas e rompi o tendão principal do ombro direito, o que está me afetando bastante nas pedaladas e no dia a dia.

Após todos os procedimentos, os médicos indicaram a cirurgia, que devo realizar após as CV´s de abril deste ano.

Já sinto a chegada da idade e não sei até quando poderei pedalar, o que será desastroso para mim, já que é disto que vivo um pouco.

Vamos ver mais para a frente.

Hoje é dia 30/03/2019 e estou entrando para atualizar as informações das CV's que irei fazer agora em abril. Como eu já devo ter dito este ano serão duas CV's, uma no inicio do mês no Circuito Caminho da Paz no interior do Estado de São Paulo e no final do mês o tão desejado e aguardado Circuito Vale Europeu em Santa Catarina. Acredito que no total serão entre 700 e 800 km.

Foram três meses de intensa preparação com musculação, hidroginástica e treinos diários de pedal.

Não há mais nada a fazer a não ser descansar, fortalecer meu psicológico e torcer para tudo dar certo.

Até mais, quando voltar terei bastante histórias e fotos para contar.

BRASIL ACIMA DE TUDO E DEUS ACIMA DE TODOS!

MUDANÇA DE CIDADE

A exatamente três anos atrás eu me mudava de Campinas-SP, para Salvador-BA.

Pois bem, como esta vida dá voltas, neste final de Outubro de 2019 estou de volta a Campinas-SP.

Querer explicar os desígnios de Deus é explicar o inexplicável, mas posso dizer que estou feliz de também voltar ao Estado de São Paulo, onde nasci e tenho uma relação muito forte, além de uma filha e um neto me esperando.

Também volto para meu clube de bike querido e onde me iniciei neste maravilhoso esporte "o ciclismo".

Até breve onde publicarei mais sobre esta vida louca.

Estamos em 24 de março de 2020 em pleno confinamento devido a pandemia da Covid19.

Infelizmente neste ano não teremos a nossa tradicional CV 2020, devido a esta maldita pandemia gerada lá na China, e que está pondo o mundo em pavorosa.

Não queríamos adiá-la por ser uma atividade de apenas 9 pessoas, amigas do grupo, mas não conseguimos confirmação de reservas dos hotéis em que pousaríamos.

Ainda por cima estamos confinados em casa sem nem ao menos treinar para manter o ritmo, o que é crucial na minha idade.

Estou vendo de compro um rolo de treino para não perder totalmente a forma e não conseguir mais pedalar.

Tinha muita esperança de poder pedalar até meus 80 anos, mas esta desgraça veio mudar tudo.

Espero superarmos logo esta fase e tentar voltar aos treinos e as CV's.

Estamos no dia 07/01/2021.

Ainda em plena pandemia, aguardando uma vacina eficaz para essa doença maldita. Passamos praticamente o ano de 2020 sob forte preocupação e restrições devido a essa pandemia, com os pedais semanais do CBC suspensos e fazendo alguns pedais solo para manter a forma. Já estou com 72 anos e não posso me descuidar para não perder a forma e o foco no ciclismo apesar de todo transtorno.

Fiz os 72 anos no dia 16/12/2020 e quis comemorar só eu e minha mulher e minha bike, então fui para a cidade que amo Campos do Jordão e no dia do aniversário fui sozinho fazer um pedal no Zoom Bike Park. Foi minha terceira visita a este park particular de ciclismo, com muitas trilhas de diferentes desafios e um deles eu ainda não tinha realizado por ser muito puxado: O Mirante.

Mas agora como adquiri uma bike assistida para não parar e acompanhar os grupos mais jovens, tirei de letra as subidas ingremes e cheias de obstáculos no meio da floresta. Bike assitida é SHOW.

Vou divulgar apenas poucas fotos deste evento, por estar muito concentrado no pedal.

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No véu da noiva, a caminho do zoom bike park e abencoando minha Trek assistida e pedindo proteção, uma vez que estou só nesta jornada e um tombo nas trilhas do park é quase fatal pois não existe acesso a não ser por bike e cavalo. Não passa nem moto.
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Para quem não conhece o ZBP deve ir fazer suas trilhas. São lindas e desafiadoras com uma natureza quase intacta uma vez que as trilhas foram abertas com enxadas pelos proprietários, conservando o máximo o aspecto natural da fazenda.
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Aqui ao lado desta ponte uma fonte de água pura e fresca para nos hidratar. A água jorra intermitente com um excelente volume, e está muito bem montada com fácil acesso.
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Enfim no alto do mirante, só conseguido com a assistida (rsrsrs) depois de passar por muitas raízes de arvores e levar um pequeno tombo ( tinha chovido muito no dia anterior e estava um sabão)
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Aqui uma amostra de como as trilhas foram abertas na enxada. Este é um dos melhores trechos, local aberto, plano, descampado e onde dá para dar um tempo, tirar uma foto e tomar uma água. Nos trechos de mata fechada, curvas intermináveis, subidas fortes e uma série de obstáculos naturais, não dá nem para pensar direito, se não quiser levar um tombaço. Em alguns trechos se você cair, tem uma abismo ao lado.
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Mais uma das várias pontes sobre riachos limpos de água cristalina, no meio da mata.
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Aqui outro desafio que ainda não tinha realizado, percorrer o quebra gelo. Se arrependimento matasse....................
Quase me matei, se eu caísse numa das ribanceiras, iriam me encontrar depois de uma semana.
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Aqui é o inicio de tudo, onde os instrutores dão orientações para os iniciantes no ZBP e onde são mostradas as diversas opções de trilhas e seus graus de dificuldade. Lá no alto é o Mirante, onde fui. Só encontrei um ciclista no caminho, um louco como eu, perdido no caminho e eu como veterano no ZBP orientei.
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Afinal no passado já fui mais radical nas duas vezes anteriores que fui ao ZBP e fiz as temidas rampas como caracoles e smurf sujeito a levar tombos homéricos, como nas duas fotos seguintes.
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Chegando a fazenda do ZBP deparamos com este lindo borboletário, com milhares de espécies e que pode ser visitado com taxa de $ 10,00 por pessoa. O melhor horário é por volta das 11 hs da manhã, quando as borboletas estão mais ativas.
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De volta a colônia da AFPESP, banho tomado e um revigorante almoço regado a um Pinot Noir reserva chileno patrocinado pela esposa no meu aniversário. SALUTE e que venha 2021 com todas as esperanças do mundo para uma solução a esta pandemia.
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Hoje é dia 09/01/2021 e realizei um sonho de infância. Comprei meu primeiro Motorhome.
Sou uma pessoa totalmente ligada a natureza. Interagir com ela, sentindo a vida e eu como um pequeno elo da mesma, respeitando-a e protegendo-a é meu maior prazer e agora tenho a possibilidade de viver mais intensamente esse sonho, aliado ao outro meu grande prazer que é pedalar.
Deus me dê forças e saúde para poder aproveitar bastante essa nova fase da minha vida, até onde ele permitir.
Abaixo algumas fotos do meu Motorhome.
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Depois de comprar o MH, iniciei uma série de melhorias como aumento da cozinha, placas solares, novo toldo, revisão mecânica e elétrica, seis pneus novos, novas janelas, etc..
Isso sem contar o lindo envelopamento com motivo que eu adoro: bikes e meu lema: Superando Limites.
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Nossa primeira viagem de Motorhome com nosso netinho Eduardo, o Dudu, craque de futebol, baininho que veio para Campinas visitar os avós.
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Foi para isso que comprei o MH, contato com a Natureza que tanto amo. Aqui estamos no Camping Arco Iris em Engenheiro Coelho-SP.
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Neste Camping tivemos a grata satisfação de conhecer a Família Link do canal Youtube, "Nas Asas do Condor" e seu idealizador Àlvaro Link. 
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