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CICLOVIAGEM 4

CIRCUITO NORDESTINO
CAMPINA GRANDE-PB a NATAL-RN
2017
Enfim é chegada a hora da nossa cicloviagem anual, onde a região nordeste do País foi pela primeira vez contemplada.
As edições anteriores tinham sido no sul e sudeste e tínhamos pouca informação sobre as dificuldades de pedalar na região nordeste.
Como estou morando em Salvador há três meses, era o mais bem informado do grupo, onde alertei sobre o calor, ventos e areião que predominam principalmente nas regiões praianas, onde o circuito foi montado.
Mas em um grupo de diferentes gênios, nem sempre o mais bem informado é ouvido, daí os perrengues que passamos, por pura teimosia de quem não sabe ouvir, ou melhor, só ouve quem quer.
Mas como tudo na vida é aprendizado, creio que saímos desta aventura mais completos e informados, o que por si já vale a pena.
Participaram desta edição somente cinco ciclistas de um grupo de dez. Além de mim, foram o Luis Carlos Rosa, Beto Magalhães, Victor Carlos Carelli e Celso Pires.
 Eu sai de Salvador-BA e os demais de Campinas-SP com as bikes desmontadas e em caixas e malas bikes.
Infelizmente por descuido de uma funcionária da aviação Azul de Campinas, a bike de Luis não chegou junto com a nossa em Campina Grande, o que causou muito desgaste e a perda de um dia de pedal pelo mesmo, já que depois de muita discussão e pressão, a Azul entregou a bike no dia seguinte, na segunda cidade de pernoite, de modo que o Luis se juntou a nós em Itabaiana e seguimos em frente.
Esta edição de nossa cicloviagem nos reservou muito conhecimento do terreno, altimetria e dificuldades do circuito paraibano e norte riograndense, de modo que enfrentamos condições muito adversas de uma cicloviagem mapeada e tivemos que ir resolvendo e mudando o roteiro conforme os problemas intransponíveis fossem surgindo.
Uma dose extra de motivação e vontade de superação era necessária diariamente para se chegar ao destino final.
Também a sorte foi preponderante uma vez que por vezes em situações difíceis e sem ninguém pelo caminho, de repente aparecia uma salvação na hora exata que precisávamos.
Eu chamo de sorte e alguns de intervenção divina, mas talvez a combinação dos dois seja a melhor definição.
Nunca tinha me deparado com uma situação tão crítica de falta d'água como a que presenciamos no Estado da Paraíba. A água lá sumiu, os rios secaram depois de seis anos de seca e somente a transposição do Rio São Francisco poderá salvá-los.
A população vive num verdadeiro clima de apreensão, pois se esta água do São Francisco não chegar em dois meses, não vai ter mais água em cidades como Campina Grande, pois o reservatório atual conta com somente 5% da sua capacidade.
Estarei rezando para esta água chegar logo e salvar aquele sofrido povo paraibano.
Fico louco de raiva destes governos corruptos e incompetentes que não planejaram uma solução a mais tempo.
Este foi a grosso modo o roteiro de pouco mais de 400 km percorridos em cinco dias, evidente com adaptações diárias conforme necessidade. Foram quatro traslados de balsa desde a oficial até a indígena, esta sem nem um guarda corpo para nos proteger de cair no rio, pura selvagem, mas diferente e gratificante.
Minha saída de casa com os alforges já preparados e montados na minha bike Göricke, de colecionador, só para compor a foto, já que a minha bike de cicloviagem já estava desmontada e embalada em caixa para viagem de avião.
Grupo reunido para saída do primeiro dia de pedal em Campina Grande. Notem que o Luis está a paisana, pois a bike dele só cjegou no dia seguinte.
Campina Grande é tida como a cidade que promove a maior festa de São João do Nordeste e do Brasil. Eles dizem que também do mundo.
Todos os dias surgia alguma dificuldade, mas este primeiro dia de Campina Grande a Itabaiana, mais de 100 km e com mais de 1.000 mts de elevação, foi um começo bem difícil.
Logo de cara, no primeiro dia meu câmbio deu pau e escapava a corrente quando tentava colocar a vovozona, uma engrenagem de 42 dentes para paredão. o Jeito foi seguir até o fim sem esta marcha, enfrentando os mais de 1.000 mts de elevação no dia.
Mesmo com a falta d'água no Estado, nunca faltou uma boa alma para nos fornecer um balde para nos refrescar do sol escaldante. Muitas vezes me banhei com a minha água de beber, da carmanhola, pois não sabia se era mais importante beber ou se refrescar.
Pegamos vários tipos de piso, terra, lama, pedras, costelas e areião.
Mosteiro Mãe da Ternura que nos forneceu o almoço no primeiro dia, depois de 53 km de muita subida e calor e que chegando na cidade, o único restaurante estava fechado.
Para matar a sede valia tudo que encontrasse pela frente, inclusive uns energéticos.
A primeira balsa, oficial que também levava veículos
Pensem em um lugar formoso, um paraíso. Assim era a reserva indígena dos Potiguares, que tive a honra de passar e ver seu estilo de vida. Aqui um integrante dá banho em sua pequena filha em um lago represado por eles, num rio limpíssimo, de águas cristalinas. Eu morrendo de calor precisei me conter para não pular neste pequeno lago, já que poderia não agradar seu dono.
Esta tribo Potiguar habitava todo nosso litoral na época do descobrimento do Brasil, e consta que eram mais de 300 mil indios na costa nordestina, que foram qause dizimados pelos Portugueses na invasão da baia da Traíção.
Este é um delta do rio que passa dentro da reserva e deságua no mar. A travessia é comandada pelos índios que cobram uma pequena taxa pela travessia em uma pequena balsa.
Luisão comprando lembranças dos índios.
A segunda balsa, já mais acanhada, com motor de popa de 50 hp e que não comportaria veículos pesados. Era operada pela tribo da reserva indígena dos potiguares. Este é um delta maravilhoso, muito bem conservado pelos índios, que ao que parece são mais inteligentes que o branco, pois sabem da importância da água.
Aqui por pouco nosso amigo, o intrépido Beto Magalhães, não perde seu novo celular de $ 3 mil reais nas águas do delta. O cara não tem sossego e tropeçou numa das bocas do porão e seu celular voou e só parou numa madeira antes de cair na água kkkkkkk
Seguindo no sol escaldante, rumo a Natal-RN
O Parque Eaólico com suas mais de 100 torres e seu gigantismo. O barulho das pás tocadas pelo vento, só estando lá para ouvir e sentir o poder da natureza.
Depois de vários cálculos "precisos" sobre quanto faltava para chegar, 3 km ,7 km, 20 km, etc... enfim chegamos na travessia final para ir até a praia da Pipa.
Perdi até a conta de quantas balsas tomamos, 3 ou 4 no total. Esta com certeza foi a última, acho!
Gostei da barba do pescador, mas acho que seria um peso adicional na bike rsrsrs.....
Nosso intrépido amigo Beto, dando uma de ciclista/surfista, só para foto kkkkkkkk
As famosas falésias do Rio Grande do Norte. É de impressionar.
Estes paredões tinham mais de 10 mts de altura. Um tombo lá embaixo faria bastante estrago.
Eu tentei colocar as fotos numa sequência que mostrasse nosso trajeto na viagem, mas aos poucos foram surgindo novas fotos e acho que merecem ser postadas mesmo assim. Vou fazer pequenos comentários destas fotos.
Aqui o perrengue da viagem. O GPS apontava para atraverssarmos um rio, na Baia da Traição e do outro lado da praia pedalar mais uns 18 km e atingir nosso objetivo do dia. Ledo engano. Fomos traídos!
Primeiro porque a semana era de maré morta e não dava para pedalar na praia e na trilha ao lado também não dava porque o areião era impossível.
Empurramos durante 4 km e quando chegamos no rio, não dava para atravessar, pois com esta maré, o rio estava alto e poderíamos nos dar mal.
O jeito foi darmos meia volta e voltarmos para a Vila, mais 4 km empurrando as bikes, mortos de fome e cansaço.
Aqui, ainda em Cabedelo, pedindo autorização para Lampião e Maria Bonita, para adentrar no sertão.
Aqui Luisão, achando que o Jegue era um cachorro kkkkkk
O mar avançando costa adentro.
O sofrimento de pedalar debaixo de sol escaldante.
O estado da bike.
Restaurante Internacional, como podem observar pela placa, mas com preços menores que um MacDonald's, e onde comi o melhor atum grelhado até hoje.
Eu e Luisão com caras de poucos amigos, mostrando que para cicloviajar pelo nordeste o cabra tem que ser muito MACHO.
Enfim, depois de cinco dias, mais de 400 km e neste dia em especial, mais de 108 km, estamos fechando a CV 2017, e também mais de 10 horas pedalando, pois saímos por volta das 07:00 hs da manhã e só chegamos em Natal por volta das 19:00 hs
O Três Reis Magos e os Quatro Ciclistas Guerreiros
Terminada mais esta CV, nosso tradicional jantar de congraçamento no Restaurante Camarões na Ponta Negra.
Relaxando na praia em frente ao Hotel, com direito a massagem, cerveja e caipirosca. Aí sim!
Ponte estaiada que dá acesso ao distante novo aeroporto de Natal, que segundo dizem, foi mais uma treta política dos malditos. Está a mais de uma hora de Capital, num lugar deserto, e se não tomar cuidado perde o avião.
Já no avião agradável surpresa de viajar com uma ciclista da gema, Mirna Holanda de Caicó-RN, que vendo eu com os alforges e capacete se aproximou e falou: você é ciclista, não?
Daí o papo durante toda a viagem foi sobre pedais e fotos de ambos os lados.
Já em casa, banho tomado, almoçado com Dona Ana Maria e o descanso preferido, na minha rede e já contando os dias para  a próxima aventura.
Dedico mais esta viagem aos meus netos Pietro Mourão Truzzi, Eduardo Thé Mourão e Isabela Thé Mourão.
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